3 de julho de 2013

O mote de hoje é...discórdia!


Antes de mais nada, devo me retratar pelo longo e tenebroso inverno ao qual submeti você, fiel leitor. Este é o meu primeiro ano escrevendo, e chegou o frio. E com ele os cobertores, mantas, edredons, pantufas...e muita chuva, esta totalmente fora do script. Aí fui surpreendido por sensações as quais nunca tinha encontrado conflito: a preguiça felina, o sono incontrolável nos dias frios e desejos de vingança. Calma, vou explicar tudo!

Chovia torrencialmente na data agendada para escrever aqui no blog, e mal consegui abrir os olhos enquanto sentia uma mão me procurando por baixo do cobertor. Era a Laura me acarinhado antes de ir resolver problemas na rua, com a maior cara de inveja. Achei pouco, depois do que ela me fez. Então decidi dormir o dia todo, sob forma de protesto (claro que eu tinha que aproveitar a onda) e vingança; assim, quando ela chegasse a noite, tiritando de frio, saberia o quão minha vida é melhor que a dela. E por causa deste sentimento tão saudável (só que não), praticamente “acordei” anteontem. E notei que há pelo menos uns quinze dias o objeto da discórdia estava ali, o tempo todo, bem do meu lado, totalmente disponível. E eu me matando de preguiça e sono, por causa da minha vingança idiota!
Devo dizer, depois que limpei as remelas dos olhos e me localizei melhor no espaço/tempo, que aprendi algumas coisas com esta situação deplorável:

depois que habilidades são desenvolvidas, não é mais possível ter apenas instintos; fazer isso trará sentimento de culpa e de perda de tempo;
manifestar-se é essencial, mas observar-se e atentar para qual é a sua responsabilidade e envolvimento quanto ao objeto de revolta é fundamental para que no fim das contas, você não saia prejudicado (este foi o meu caso);
ficar tanto tempo sem tomar banho pode ser perigoso: fiquei ontem o dia todo me limpando e vomitando bolas de pelo na sala, no escritório, na cozinha, no quintal...e isso me valeu olhares de reprovação terríveis do Marido.
 Mas até que não foi tão ruim assim, a Laura cuidou de mim e me escovou todinho. E eu adoro!
Enfim, qual é o mote de hoje mesmo? Ah, a Discórdia!
Tudo começou quando a Laura comprou um e-reader e disse que eu poderia usá-lo quando quisesse, porque era touch screen, mais fácil para mim, que não tenho polegares opositores para segurar um livro comum. Mostrou todos os recursos, e até deixou eu escolher e comprar um livro digital. E depois disso, nunca mais desgrudou do dito cujo, levando ele para todos os cantos com ela. Que ódio!
Eu estava sedento por ler Pastoral Americana, do autor Philip Roth. E não consegui até agora, porque só dormi. Mas não vá pensando que não tem resenha nem crítica, calma lá. A Laura não ficou só desfilando com o livro digital por aí, porque eu descobri, fuçando nas suas pastas de trabalho, que ela fez algumas anotações, que serão reproduzidas agora neste post. Aproveito para usá-lo como pedido de desculpas à minha amada dona, que preocupada com meu quase coma, me trouxe de volta à vida com meia lata de atum sólido, assim como muitos cafunés na barriga. O amor e a comida é que salvarão o mundo. E os livros também, claro. Portanto, boa leitura!

Pastoral americana deixa o leitor com a sensação de estar em um labirinto de espelhos. A entrada reflete a imagem que vendemos para o mundo, modelos de retidão, beleza, sucesso e tranquilidade. Chega até a ser agradável se olhar por todos os ângulos. Mas ao caminhar em busca da saída, espelhos vão nos deformando, revelando facetas monstruosas, degradantes e até mesmo odiosas.
O fio condutor da obra é a vida de Seymour Levov, que desde a infância é o modelo de perfeição para a família e a sua comunidade judia. Nathan Zuckerman (alter ego de Philip Roth) é o escritor que desvenda a verdadeira história do seu ídolo de infância, relatando sua convivência com ele que, em sua vida adulta, vê sua vida perfeita corroer-se quando um fato trágico ocorre em sua família, revelando relações muito mais complexas e não tão bonitas quanto Levov desejava ter.
Atravessar esta leitura sem experimentar sentimentos controversos e transformadores é impossível.
Laura Siqueira
20 de junho de 2013

Uau, acho que até mesmo um gato deve ler este livro, depois deste petisco!
Lambeijos e bom friozinho!

Preparem-se para o próximo mote: Prajalpas e renhenhéns!

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